
Nascido no interior do Rio Grande do Sul, Canini foi um dos artistas mais ousados e originais a trabalhar com personagens Disney no Brasil. Seu maior feito? Transformar o Zé Carioca em um verdadeiro reflexo do povo brasileiro.Durante os anos 1970, trabalhando para a Editora Abril, Canini tirou o personagem das páginas genéricas importadas e o inseriu em histórias mais próximas da realidade do país: tramas que falavam de problemas cotidianos, com humor, criatividade e um traço completamente fora dos padrões tradicionais da Disney.
Seu estilo era leve, expressivo, e bem mais solto — o que incomodou os executivos americanos da marca. Em 1976, a própria Disney pediu que ele parasse de desenhar o personagem por "fugir demais do modelo original". Mas a semente já estava plantada.
Mesmo fora da Disney, Canini seguiu criando. Lançou personagens próprios, como o índio Tibica e o cowboy Kactus Kid, e colaborou com revistas e jornais alternativos. Sempre com aquele traço leve e com comentários sociais escondidos entre uma piada e outra.
Seu legado foi sendo cada vez mais reconhecido. Em 2003, ganhou o Troféu HQ Mix de Grande Mestre. Hoje, é lembrado como um dos desenhistas mais importantes da história dos quadrinhos brasileiros.
Canini faleceu em 2013, aos 77 anos, mas seu trabalho segue inspirando artistas e fãs. Seus quadrinhos são estudados, colecionados e admirados — e o Zé Carioca que ele reinventou, esse sim, continua mais vivo do que nunca.
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