quinta-feira, 1 de maio de 2025

Val Mayerik: Desenhando Bruce Lee e Inovando HQs

 

Val Mayerik, nascido em 29 de março de 1950, em Youngstown, Ohio, é um renomado quadrinista e ilustrador comercial americano, celebrado por co-criar o satírico Howard the Duck para a Marvel Comics. Hoje, aos 75 anos, Mayerik reflete uma carreira que abrange mais de cinco décadas, marcada por contribuições significativas ao universo dos quadrinhos e além.

Após se formar na universidade, Mayerik trabalhou em siderúrgicas para pagar os estudos e logo se tornou assistente do artista Dan Adkins, ao lado de P. Craig Russell. Sua estreia nos quadrinhos foi em 1972, com Chamber of Chills #2, desenhando "Spell of the Dragon", seguido por trabalhos em Conan the Barbarian e The Invisible Man. Em 1973, tornou-se o artista regular de Man-Thing na revista Fear, onde, com Steve Gerber, introduziu Howard the Duck – um pato antropomórfico de charuto e humor ácido, que se tornou um ícone pop.

Nos anos 1970, Mayerik desenhou Howard the Duck Annual e a tira de jornal do personagem em 1977. Ele também ilustrou The Living Mummy e The Frankenstein Monster, mostrando sua afinidade por temas de horror e fantasia. Em 1994, ilustrou a minissérie Bruce Lee, da Malibu Comics, escrita por Mike Baron. A série de seis edições apresentou um Bruce Lee fictício enfrentando gangues e rivais enquanto construía uma carreira no cinema, com histórias curtas de Mortal Kombat nas edições 1 e 5. A inspiração veio de Shang-Chi: Master of Kung Fu, da Marvel.

Em 1977, mudou-se para Nova York, trabalhando no estúdio de Neal Adams e, mais tarde, fundando a Upstart Associates com Howard Chaykin, Walt Simonson e Jim Starlin. Sua versatilidade o levou a colaborar com revistas como Heavy Metal e Warren Publishing, onde desenhou a série samurai Young Master. A partir dos anos 1980, expandiu sua carreira para a publicidade, criando storyboards para marcas como Coca-Cola, Microsoft e Nike, e ilustrou jogos para TSR e Wizards of the Coast, como Magic: The Gathering – The Shadow Mage. Em 2010, produziu a tira Useful Idiots com James Hudnall para o site Breitbart.

Nos últimos anos, Mayerik retornou aos quadrinhos, lançando Of Dust and Blood, um graphic novel sobre Little Big Horn, via Kickstarter, e contribuindo para Angel Punk na Dark Horse. Sua obra, que combina narrativa visual cinematográfica e um estilo detalhado, continua a inspirar, consolidando-o como uma figura essencial na história dos quadrinhos.

Alfredo Alcala: O Mestre Filipino dos Quadrinhos

 

Alfredo P. Alcala, nascido em 23 de agosto de 1925 em Talisay, Negros Occidental, nas Filipinas, foi um dos maiores artistas de quadrinhos do século XX, falecendo em 8 de abril de 2000. Autodidata, ele abandonou a escola na adolescência para seguir a arte, começando como pintor de letreiros e designer de móveis, antes de se destacar nos quadrinhos. Durante a ocupação japonesa na Segunda Guerra Mundial, usou seu talento para criar mapas detalhados para as forças americanas, revelando posições inimigas.

Sua carreira decolou em 1948 com a publicação em Bituin Komiks, levando-o a trabalhar para a Ace Publications, onde brilhou em títulos como Filipino Komiks e Espesial Komiks. Em 1963, criou Voltar, um épico que o lançou internacionalmente, ganhando prêmios de ficção científica nos anos 1970. A revista Alcala Komix Magazine foi batizada em sua homenagem, consolidando seu status nas Filipinas.

Nos anos 1970, Alcala migrou para os EUA, colaborando com DC Comics e Marvel Comics em títulos de horror e fantasia. Ele ilustrou Swamp Thing, Batman e Conan the Barbarian, destacando-se como entintador, com um estilo influenciado por Albrecht Dürer e Frank Brangwyn. Em 1975, criou Kong the Untamed com Jack Oleck, e em 1977 juntou-se à Warren Publishing, desenhando 39 histórias até 1981.

Nos anos 1980, trabalhou na tira de jornal de Star Wars e colaborou com Jack Kirby em Destroyer Duck. Apesar de sua produção ser limitada, sua influência foi vasta, inspirando artistas filipinos como Alex Niño. Recebeu o Inkpot Award em 1977 e, postumamente, o Stacey Aragon Special Recognition Award em 2021. Seu legado, marcado por detalhes minuciosos e narrativa inovadora, continua a encantar fãs e colecionadores.

José "Pepe" González, nascido em 1939 em Barcelona, Espanha, foi um dos mais influentes artistas de quadrinhos do século XX, falecendo em 13 de março de 2009. Conhecido por seu traço elegante e sensual, ele deixou um legado marcante, especialmente como o principal ilustrador da icônica Vampirella. Sua carreira começou aos 17 anos, em 1956, quando Josep Toutain, da agência Selecciones Ilustradas, o recrutou após ver retratos impressionantes em uma vitrine de alfaiate, iniciando-o com um western que não se alinhava a seu estilo.

Especializando-se em quadrinhos românticos, González trabalhou para a Editorial Toray em séries como Rosas Blancas e Serenata, e para a Fleetway britânica em títulos como Valentine e Mirabelle. Sua habilidade em desenhar mulheres belas e ambíguas o destacou, levando-o, em 1971, a Warren Publishing, onde revolucionou Vampirella com arte detalhada e erótica, começando na edição 12. Ele desenhou 58 histórias para a editora até 1983, incluindo capas e pin-ups, sendo aclamado por Jim Warren como o ideal para o personagem.

Entre 1974 e 1977, compartilhou a arte de Vampirella com José Ortiz e Gonzalo Mayo, mas sua influência permaneceu dominante até 1979, retornando brevemente em 1982-83 antes da falência da Warren. Nos anos 1980, na Norma Editorial, ele criou Chantal e Mamba, mantendo seu toque erótico. Após deixar os quadrinhos, focou-se em ilustrações a lápis e carvão, afastando-se do mercado americano, onde seu sobrenome era frequentemente escrito como Gonzales.

Reconhecido com o prêmio Best Art of the Year em 1971 e elogiado por Frank Frazetta, González inspirou gerações, com obras revisitadas em livros como The Art of José González. Seu legado, marcado por sensualidade e inovação, continua a fascinar colecionadores e fãs de quadrinhos.

Tarzan por Joe Kubert

 

Joe Kubert, lendário quadrinista americano, deixou sua marca indelével nos quadrinhos de Tarzan, o icônico Rei das Selvas criado por Edgar Rice Burroughs em 1912. Entre 1972 e 1977, Kubert assumiu a série da DC Comics, começando com a edição 207, trazendo uma visão renovada ao personagem. Fã desde a infância, ele adaptou o primeiro romance de Burroughs, Tarzan of the Apes, com um traço visceral e narrativas cinematográficas que destacaram a brutalidade e a humanidade do herói. Suas histórias, como A Origem do Homem-Macaco e A Volta do Rei das Selvas, foram publicadas em três volumes pela Devir no Brasil, a partir de 2010, com cores restauradas de Tatjana Wood.

Kubert mergulhou na essência de Tarzan, retratando-o nu, como seria lógico para um homem criado por macacos, desafiando convenções visuais da época. Ele também explorou cenários variados, como Paris e a cidade perdida de Opar, além de vilões únicos, como um geneticista louco em Tarzan e o Homem-Leão. Sua arte, marcada por rabiscos de bico de pena, enfatizava anatomia e expressões, dando profundidade emocional ao personagem, muitas vezes com um olhar melancólico. As edições, que vão até a número 235, incluem matérias sobre a história de Tarzan nos quadrinhos, desde as tiras de 1929.

A fase de Kubert é celebrada por revitalizar Tarzan em um momento de desgaste, após anos nas mãos de outros artistas como Hal Foster e Burne Hogarth. Apesar da produção limitada – cerca de 50 edições –, sua influência é inegável, inspirando gerações e sendo relançada em formatos luxuosos. Hoje, esses quadrinhos são itens cobiçados por colecionadores, refletindo a genialidade de Kubert, que faleceu em 2012, deixando um legado eterno no universo do Homem-Macaco.

quarta-feira, 30 de abril de 2025

Os Quadrinhos do Jaspion: Uma Jornada Brasileira


O Fantástico Jaspion, herói japonês que conquistou o Brasil na década de 1980, também marcou presença nos quadrinhos, criando um legado único no país. Exibida a partir de 1988 na TV Manchete, a série tokusatsu explodiu em popularidade, levando à produção de HQs brasileiras que expandiram as aventuras do Campeão da Justiça. Essas revistas, publicadas entre o final dos anos 1980 e início dos 1990, são hoje itens de colecionador e refletem o impacto cultural do personagem.

A primeira tentativa de quadrinhos veio em 1989 pela Bloch Infanto-Juvenil, que lançou O Fantástico Jaspion em formato de fotonovela, usando imagens da série com balões de diálogo. A Bloch adaptou os quatro primeiros episódios da série de TV, mas a qualidade era limitada, com imagens granuladas – uma prática comum para séries populares na época, segundo fontes como Sintonia Geek e JBox. Apesar disso, essas fotonovelas foram um marco para os fãs. No mesmo ano, a Editora Ebal obteve os direitos da Toei Company e publicou uma série que adaptava os episódios da TV, seguida pela Editora Abril, que, entre 1989 e 1990, lançou 12 edições com histórias inéditas. Sob a direção de artistas como Aluir Amancio e roteiristas como Alexandre Nagado, essas HQs continuavam a saga após a derrota de Satan Goss, introduzindo novos vilões como Nimbus, o Usurpador.

Em 2018, Jaspion voltou às HQs com O Regresso de Jaspion, um mangá nacional da Editora JBC, assinado por Fábio Yabu (roteiro) e Michel Borges (arte). Lançado em 2020, o volume único se passa anos após a série original, trazendo Jaspion de volta à Terra para enfrentar Kilmaza e antigos inimigos. A obra, parte do selo Henshin Universe, modernizou a narrativa, mantendo a essência nostálgica, e foi elogiada por fãs, com edições em capa dura e extras sobre a produção. A JBC planejou crossovers com outros heróis tokusatsu, dependendo do sucesso.

Os quadrinhos do Jaspion não só capitalizaram sua febre na TV, mas também mostraram a criatividade brasileira ao adaptar um ícone japonês. De fotonovelas a mangás modernos, essas HQs são um testemunho do carinho dos fãs brasileiros, que, mesmo 37 anos após sua estreia, continuam celebrando o herói intergaláctico.

As Aventuras Inusitadas dos Quadrinhos do Gugu

 

Gugu Liberato (1959-2019), um dos maiores apresentadores da TV brasileira, também marcou presença no universo dos quadrinhos entre o final dos anos 1980 e início dos 1990. Durante o auge de sua carreira no SBT, com programas como Viva a Noite e Passa ou Repassa, Gugu se tornou protagonista de revistas em quadrinhos que capturaram a imaginação de crianças e jovens da época, refletindo sua popularidade na cultura brasileira.

A primeira aparição de Gugu nos quadrinhos foi em 1988, na revista Misto Quente nº 9, da Editora Abril, com a seção O Mundo Alegre do Gugu. A publicação, que misturava passatempos, pôsteres e histórias, servia como laboratório para novos personagens, como Fofão e Sérgio Mallandro. A edição de Gugu era única: além de quadrinhos, trazia entrevistas, reportagens e figurinhas colecionáveis do apresentador, acompanhadas de um pôster do grupo Polegar, que ele promovia na TV.

Entre 1988 e 1990, a Abril lançou a Revista do Gugu, com 20 edições e quatro almanaques. Nela, Gugu, desenhado com um cabelo loiro mais claro que o real e sempre segurando seu icônico microfone, vivia aventuras absurdas e divertidas. Ele enfrentava lobisomens de terno, se tornava um super-herói ou interpretava um “Tarzan” ao lado de uma Jane ruiva, viajando por cenários que iam da pré-história ao espaço sideral. As histórias, muitas vezes nonsensical, refletiam o tom leve e familiar de seus programas.

A editora Sequência também publicou gibis do apresentador, como As Aventuras do Gugu, com traços e narrativas mais infantis. Em 1991, Gugu participou da edição nº 5 de As Melhores Histórias Disney Escolhidas por…, selecionando suas histórias favoritas da Disney. A rivalidade com Fausto Silva, que também tinha seus quadrinhos, espelhava a disputa pela audiência dominical, trazendo um toque de humor à competição.

Apesar do sucesso, os quadrinhos do Gugu enfrentaram críticas pela simplicidade e pelo tom exagerado, muitas vezes considerado bizarro. Ainda assim, eles são lembrados com nostalgia por quem cresceu na época, representando uma era em que personalidades da TV transcendiam a tela e se tornavam heróis de papel. Hoje, essas revistas são itens de colecionador, disponíveis em plataformas como o Mercado Livre, e continuam a despertar memórias de uma fase marcante da cultura pop brasileira.

A Arte Sequencial dos Quadrinhos de Jim Steranko

 

James F. Steranko, nascido em 5 de novembro de 1938, em Reading, Pensilvânia, é uma lenda viva dos quadrinhos, celebrando 86 anos em 2025. Filho de imigrantes ucranianos, cresceu em meio à Grande Depressão, enfrentando pobreza e violência nas ruas de sua cidade. Sua juventude foi marcada por façanhas: foi mágico, escapologista, músico de rock com a banda The Lancers e até se envolveu em pequenos crimes, como furtos de carros, antes de encontrar sua vocação na arte.

Steranko começou como designer gráfico, mas sua vida mudou em 1966 ao entrar na Marvel Comics. Sua obra mais icônica, Nick Fury, Agent of S.H.I.E.L.D., publicada em Strange Tales, revolucionou os quadrinhos da Era de Prata. Misturando surrealismo, pop art e técnicas cinematográficas, ele criou narrativas visuais inovadoras, como a primeira página quádrupla dos quadrinhos em Strange Tales #167. Também trabalhou em Captain America e X-Men, onde redesignou o logo, e introduziu personagens como Madame Hydra.

Em 1969, fundou a Supergraphics, publicando The Steranko History of Comics, um marco na historiografia dos quadrinhos. Nos anos 1970, ilustrou capas de livros, como as de The Shadow, e criou Chandler: Red Tide (1976), considerado o primeiro romance gráfico moderno. Sua revista Mediascene (depois Prevue) cobriu cultura pop até 1994. Steranko também colaborou com Hollywood, criando designs para Raiders of the Lost Ark e Bram Stoker’s Dracula.

Apesar de sua produção limitada – menos de 30 edições na Marvel –, Steranko é aclamado por sua influência. Recebeu o Prêmio Eisner em 2006 e teve exposições no Louvre. Sua abordagem ousada, com personagens sensuais e designs experimentais, desafiou o Comics Code e inspirou gerações, consolidando-o como um dos maiores inovadores da arte sequencial.

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