quarta-feira, 30 de abril de 2025

Os Quadrinhos do Jaspion: Uma Jornada Brasileira


O Fantástico Jaspion, herói japonês que conquistou o Brasil na década de 1980, também marcou presença nos quadrinhos, criando um legado único no país. Exibida a partir de 1988 na TV Manchete, a série tokusatsu explodiu em popularidade, levando à produção de HQs brasileiras que expandiram as aventuras do Campeão da Justiça. Essas revistas, publicadas entre o final dos anos 1980 e início dos 1990, são hoje itens de colecionador e refletem o impacto cultural do personagem.

A primeira tentativa de quadrinhos veio em 1989 pela Bloch Infanto-Juvenil, que lançou O Fantástico Jaspion em formato de fotonovela, usando imagens da série com balões de diálogo. A Bloch adaptou os quatro primeiros episódios da série de TV, mas a qualidade era limitada, com imagens granuladas – uma prática comum para séries populares na época, segundo fontes como Sintonia Geek e JBox. Apesar disso, essas fotonovelas foram um marco para os fãs. No mesmo ano, a Editora Ebal obteve os direitos da Toei Company e publicou uma série que adaptava os episódios da TV, seguida pela Editora Abril, que, entre 1989 e 1990, lançou 12 edições com histórias inéditas. Sob a direção de artistas como Aluir Amancio e roteiristas como Alexandre Nagado, essas HQs continuavam a saga após a derrota de Satan Goss, introduzindo novos vilões como Nimbus, o Usurpador.

Em 2018, Jaspion voltou às HQs com O Regresso de Jaspion, um mangá nacional da Editora JBC, assinado por Fábio Yabu (roteiro) e Michel Borges (arte). Lançado em 2020, o volume único se passa anos após a série original, trazendo Jaspion de volta à Terra para enfrentar Kilmaza e antigos inimigos. A obra, parte do selo Henshin Universe, modernizou a narrativa, mantendo a essência nostálgica, e foi elogiada por fãs, com edições em capa dura e extras sobre a produção. A JBC planejou crossovers com outros heróis tokusatsu, dependendo do sucesso.

Os quadrinhos do Jaspion não só capitalizaram sua febre na TV, mas também mostraram a criatividade brasileira ao adaptar um ícone japonês. De fotonovelas a mangás modernos, essas HQs são um testemunho do carinho dos fãs brasileiros, que, mesmo 37 anos após sua estreia, continuam celebrando o herói intergaláctico.

As Aventuras Inusitadas dos Quadrinhos do Gugu

 

Gugu Liberato (1959-2019), um dos maiores apresentadores da TV brasileira, também marcou presença no universo dos quadrinhos entre o final dos anos 1980 e início dos 1990. Durante o auge de sua carreira no SBT, com programas como Viva a Noite e Passa ou Repassa, Gugu se tornou protagonista de revistas em quadrinhos que capturaram a imaginação de crianças e jovens da época, refletindo sua popularidade na cultura brasileira.

A primeira aparição de Gugu nos quadrinhos foi em 1988, na revista Misto Quente nº 9, da Editora Abril, com a seção O Mundo Alegre do Gugu. A publicação, que misturava passatempos, pôsteres e histórias, servia como laboratório para novos personagens, como Fofão e Sérgio Mallandro. A edição de Gugu era única: além de quadrinhos, trazia entrevistas, reportagens e figurinhas colecionáveis do apresentador, acompanhadas de um pôster do grupo Polegar, que ele promovia na TV.

Entre 1988 e 1990, a Abril lançou a Revista do Gugu, com 20 edições e quatro almanaques. Nela, Gugu, desenhado com um cabelo loiro mais claro que o real e sempre segurando seu icônico microfone, vivia aventuras absurdas e divertidas. Ele enfrentava lobisomens de terno, se tornava um super-herói ou interpretava um “Tarzan” ao lado de uma Jane ruiva, viajando por cenários que iam da pré-história ao espaço sideral. As histórias, muitas vezes nonsensical, refletiam o tom leve e familiar de seus programas.

A editora Sequência também publicou gibis do apresentador, como As Aventuras do Gugu, com traços e narrativas mais infantis. Em 1991, Gugu participou da edição nº 5 de As Melhores Histórias Disney Escolhidas por…, selecionando suas histórias favoritas da Disney. A rivalidade com Fausto Silva, que também tinha seus quadrinhos, espelhava a disputa pela audiência dominical, trazendo um toque de humor à competição.

Apesar do sucesso, os quadrinhos do Gugu enfrentaram críticas pela simplicidade e pelo tom exagerado, muitas vezes considerado bizarro. Ainda assim, eles são lembrados com nostalgia por quem cresceu na época, representando uma era em que personalidades da TV transcendiam a tela e se tornavam heróis de papel. Hoje, essas revistas são itens de colecionador, disponíveis em plataformas como o Mercado Livre, e continuam a despertar memórias de uma fase marcante da cultura pop brasileira.

A Arte Sequencial dos Quadrinhos de Jim Steranko

 

James F. Steranko, nascido em 5 de novembro de 1938, em Reading, Pensilvânia, é uma lenda viva dos quadrinhos, celebrando 86 anos em 2025. Filho de imigrantes ucranianos, cresceu em meio à Grande Depressão, enfrentando pobreza e violência nas ruas de sua cidade. Sua juventude foi marcada por façanhas: foi mágico, escapologista, músico de rock com a banda The Lancers e até se envolveu em pequenos crimes, como furtos de carros, antes de encontrar sua vocação na arte.

Steranko começou como designer gráfico, mas sua vida mudou em 1966 ao entrar na Marvel Comics. Sua obra mais icônica, Nick Fury, Agent of S.H.I.E.L.D., publicada em Strange Tales, revolucionou os quadrinhos da Era de Prata. Misturando surrealismo, pop art e técnicas cinematográficas, ele criou narrativas visuais inovadoras, como a primeira página quádrupla dos quadrinhos em Strange Tales #167. Também trabalhou em Captain America e X-Men, onde redesignou o logo, e introduziu personagens como Madame Hydra.

Em 1969, fundou a Supergraphics, publicando The Steranko History of Comics, um marco na historiografia dos quadrinhos. Nos anos 1970, ilustrou capas de livros, como as de The Shadow, e criou Chandler: Red Tide (1976), considerado o primeiro romance gráfico moderno. Sua revista Mediascene (depois Prevue) cobriu cultura pop até 1994. Steranko também colaborou com Hollywood, criando designs para Raiders of the Lost Ark e Bram Stoker’s Dracula.

Apesar de sua produção limitada – menos de 30 edições na Marvel –, Steranko é aclamado por sua influência. Recebeu o Prêmio Eisner em 2006 e teve exposições no Louvre. Sua abordagem ousada, com personagens sensuais e designs experimentais, desafiou o Comics Code e inspirou gerações, consolidando-o como um dos maiores inovadores da arte sequencial.

Benício, O Mestre das Pin-Ups

 

José Luiz Benício da Fonseca, conhecido como Benício, foi um dos maiores ilustradores brasileiros, deixando um legado marcante na arte e na cultura nacional. Nascido em 14 de dezembro de 1936, em Rio Pardo, Rio Grande do Sul, Benício faleceu em 7 de dezembro de 2021, aos 84 anos, no Rio de Janeiro, após sofrer dois acidentes vasculares cerebrais que o impediram de desenhar desde 2014.

Benício começou sua carreira aos 15 anos, em Porto Alegre, como aprendiz na agência Clarim Publicidade. Aos 17, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se consolidou como ilustrador. Na década de 1960, ficou famoso por suas capas de livros pulp da Editora Monterrey, como as da série Brigitte Montfort, com mais de 2 mil ilustrações. Seu estilo, inspirado por Norman Rockwell, destacava mulheres voluptuosas, o que lhe rendeu o título de “mestre das pin-ups brasileiras”.

Nos anos 1970 e 1980, Benício produziu mais de 300 cartazes de cinema, especialmente para pornochanchadas como Dona Flor e Seus Dois Maridos e A Super Fêmea, eternizando atrizes como Sônia Braga e Vera Fischer. Ele também criou todos os pôsteres dos 31 filmes dos Trapalhões, além de capas de discos, como Amar pra Viver ou Morrer de Amor, de Erasmo Carlos, e ilustrações publicitárias para marcas como Coca-Cola, Varig e Levis.

Benício trabalhou até os anos 2000, mas a ascensão da computação gráfica reduziu sua demanda no cinema. Suas obras, marcadas pelo uso de guache e um toque erótico, enfrentaram a censura da ditadura militar, exigindo negociações para aprovação. Em 2011 e 2014, a Reference Press publicou Sex & Crime: The Book Cover Art of Benício, celebrando suas ilustrações. Em 2012, Gonçalo Junior lançou E Benício Criou a Mulher, detalhando sua trajetória.

Reconhecido por prêmios como o Grand-Prix de Ilustração no Prêmio Colunistas de 1986, Benício teve sua obra anexada ao acervo da Funarte em 2021. Sua estética única, que moldou o imaginário brasileiro, continua a inspirar artistas e a encantar admiradores da ilustração.

domingo, 27 de abril de 2025

Estilos de Mangá e Seus Exemplos

 

Os mangás, quadrinhos japoneses, oferecem estilos variados que atraem diferentes públicos. Aqui, apresentamos os principais gêneros com quatro exemplos para cada.

Shonen

Focado em ação e aventura para jovens, com combates épicos.
Exemplos: Naruto, One Piece, Dragon Ball, My Hero Academia.

Shojo

Voltado para meninas, enfatiza romance e emoções com traços delicados.
Exemplos: Fruits Basket, Sailor Moon, Ouran High School Host Club, Kimi ni Todoke.

Seinen

Para adultos, aborda temas maduros com narrativas complexas.
Exemplos: Berserk, Tokyo Ghoul, Monster, Vinland Saga.

Josei

Focado em mulheres adultas, explora relacionamentos e vida cotidiana.
Exemplos: Nana, Honey and Clover, Paradise Kiss, Nodame Cantabile.

Kodomo

Histórias simples e educativas para crianças, com traços fofos.
Exemplos: Doraemon, Pokémon Adventures, Hamtaro, Chi’s Sweet Home.

Mecha

Centra-se em robôs gigantes e batalhas de ficção científica.
Exemplos: Neon Genesis Evangelion, Mobile Suit Gundam, Code Geass, Gurren Lagann.

Isekai

Personagens transportados para outros mundos, com fantasia e RPG.
Exemplos: Sword Art Online, Re:Zero, Overlord, The Rising of the Shield Hero.

Slice of Life

Retrata o cotidiano com momentos simples e reflexivos.
Exemplos: Yotsuba&!, Barakamon, March Comes in Like a Lion, Horimiya.

sexta-feira, 25 de abril de 2025

 
Desde seu surgimento na década de 1970, a banda Kiss conquistou fãs ao redor do mundo com seu visual icônico, performances explosivas e uma marca que ultrapassou a música. Entre suas muitas incursões em outras mídias, os quadrinhos se tornaram uma das mais simbólicas — eternizando Gene Simmons, Paul Stanley, Ace Frehley e Peter Criss como verdadeiros super-heróis.

O primeiro grande marco aconteceu em 1977, quando a Marvel lançou A Marvel Comics Super Special: Kiss. O quadrinho não só trazia uma aventura épica estrelando os integrantes como personagens de um universo fantástico, mas também chamou atenção mundial ao incluir, segundo a própria banda, sangue real dos músicos misturado à tinta da impressão — um golpe de marketing que se tornou lendário.

A trama apresentava o Kiss como seres com poderes sobrenaturais, em combate contra forças do mal, reforçando a mitologia que a banda construía nos palcos. O sucesso foi tanto que novas publicações surgiram nos anos seguintes, consolidando o Kiss como ícones também no mundo dos quadrinhos.

Na década de 1990, o grupo voltou a brilhar nas HQs com a série Kiss: Psycho Circus, pela Image Comics. Inspirada na grandiosidade dos shows da banda, a história mergulhava em um mundo surreal e psicológico, ampliando ainda mais o universo ficcional dos músicos.

Ao longo das décadas, diversas editoras, como Dark Horse e Dynamite Entertainment, lançaram novas sagas. Cada versão explorava lados diferentes dos integrantes: heróis, seres místicos ou até mesmo vigilantes urbanos. Em todas, a essência do Kiss — liberdade, rebeldia e fantasia — permanecia viva.

O impacto cultural dessas HQs é inegável. Elas não apenas cativaram fãs antigos como também apresentaram a banda a novas gerações. Além disso, foram fundamentais para solidificar o Kiss como uma marca multimídia de sucesso, capaz de transitar pela música, cinema, TV, brinquedos e, claro, quadrinhos.

Hoje, as HQs do Kiss são itens de colecionador e símbolos da ousadia da banda. Em cada página, o espírito vibrante do rock continua a ecoar, provando que, seja nos palcos ou nas revistas, o KISS nasceu para ser eterno.

quinta-feira, 24 de abril de 2025
Você já reparou que o Zé Carioca que conhecemos hoje — de camiseta, chinelo e jeitão malandro — é bem diferente daquele papagaio engravatado criado nos Estados Unidos nos anos 1940? Pois essa mudança tem nome e sobrenome: Renato Canini.

Nascido no interior do Rio Grande do Sul, Canini foi um dos artistas mais ousados e originais a trabalhar com personagens Disney no Brasil. Seu maior feito? Transformar o Zé Carioca em um verdadeiro reflexo do povo brasileiro.Durante os anos 1970, trabalhando para a Editora Abril, Canini tirou o personagem das páginas genéricas importadas e o inseriu em histórias mais próximas da realidade do país: tramas que falavam de problemas cotidianos, com humor, criatividade e um traço completamente fora dos padrões tradicionais da Disney.

Seu estilo era leve, expressivo, e bem mais solto — o que incomodou os executivos americanos da marca. Em 1976, a própria Disney pediu que ele parasse de desenhar o personagem por "fugir demais do modelo original". Mas a semente já estava plantada.

Mesmo fora da Disney, Canini seguiu criando. Lançou personagens próprios, como o índio Tibica e o cowboy Kactus Kid, e colaborou com revistas e jornais alternativos. Sempre com aquele traço leve e com comentários sociais escondidos entre uma piada e outra.

Seu legado foi sendo cada vez mais reconhecido. Em 2003, ganhou o Troféu HQ Mix de Grande Mestre. Hoje, é lembrado como um dos desenhistas mais importantes da história dos quadrinhos brasileiros.

Canini faleceu em 2013, aos 77 anos, mas seu trabalho segue inspirando artistas e fãs. Seus quadrinhos são estudados, colecionados e admirados — e o Zé Carioca que ele reinventou, esse sim, continua mais vivo do que nunca.

Boris Vallejo, nascido em 8 de janeiro de 1941, em Lima, no Peru, é um dos maiores nomes da ilustração fantástica mundial. Migrando para os Estados Unidos em 1964, Vallejo rapidamente se destacou por seu estilo hiper-realista e pela habilidade impressionante de retratar corpos humanos em poses épicas, musculosas e mitológicas.

Inspirado por artistas como Frank Frazetta, Vallejo tornou-se um ícone por conta de suas pinturas que misturam fantasia, ficção científica, erotismo e mitologia clássica. Seus trabalhos mais notórios incluem ilustrações para livros de autores como Edgar Rice Burroughs, bem como capas de revistas, pôsteres de cinema e calendários.

Entre seus temas mais recorrentes estão guerreiros musculosos, amazonas poderosas, dragões, bestas míticas e cenários etéreos. Ele ficou especialmente famoso por ilustrar personagens como Tarzan, Conan e Red Sonja, sempre com um apelo sensual e dramático.

Vallejo também é conhecido por sua parceria artística e pessoal com a também ilustradora Julie Bell, com quem colabora desde os anos 1990. Juntos, publicaram diversos livros de arte, como Dreams, Titans e The Ultimate Collection, além de produzirem trabalhos para editoras de quadrinhos e franquias de games e filmes.

Ao longo das décadas, Boris recebeu diversos prêmios, incluindo o Chesley Award e o Spectrum Grand Master Award, consolidando-se como referência definitiva na pintura de fantasia. Suas obras são frequentemente comparadas a esculturas em pintura, graças ao domínio anatômico e ao uso dramático de luz e sombra.

A técnica de Vallejo envolve o uso de modelos vivos e fotografias para compor suas figuras. Ele é considerado um mestre do aerógrafo e da pintura a óleo, desenvolvendo composições complexas com um toque onírico e selvagem.

Boris Vallejo influenciou gerações de ilustradores, pintores e artistas digitais. Mesmo após décadas de carreira, segue ativo, produzindo obras que encantam fãs de todas as idades e mantendo viva a grandiosidade do universo fantástico em cada pincelada.

Frank Frazetta: O Mestre da Fantasia Ilustrada


Frank Frazetta (1928–2010) foi um dos mais influentes ilustradores do século XX, cuja arte redefiniu os limites da fantasia e da ficção científica. Nascido no Brooklyn, Nova York, Frazetta começou a desenhar ainda na infância e estudou na Brooklyn Academy of Fine Arts aos oito anos. Na adolescência, já trabalhava com quadrinhos, colaborando com editoras como EC Comics e Warren Publishing.

Sua notoriedade, no entanto, explodiu nas décadas de 1960 e 1970, ao ilustrar capas para livros de fantasia e ficção científica, especialmente das séries Conan, o Bárbaro, de Robert E. Howard, e John Carter de Marte, de Edgar Rice Burroughs. Seu estilo vigoroso, musculoso e altamente dinâmico ajudou a moldar a imagem moderna do herói bárbaro e da mulher guerreira.

Frazetta também impactou o universo da música, criando artes icônicas para álbuns de bandas como Molly Hatchet e Nazareth. No cinema, sua estética influenciou diretamente produções como Conan, o Bárbaro (1982), He-Man, Heavy Metal e jogos de RPG como Dungeons & Dragons.

Além das ilustrações, ele trabalhou brevemente com animação e foi co-diretor do longa Fire and Ice (1983), em parceria com Ralph Bakshi. Sua arte carregava intensidade emocional e detalhamento anatômico excepcionais, misturando erotismo, violência e misticismo em cenários épicos.

Mesmo após sofrer derrames que afetaram sua mão dominante, Frazetta reaprendeu a pintar com a mão esquerda, demonstrando dedicação e genialidade artística. Ele ganhou diversos prêmios, incluindo o Hugo Award e o Hall da Fama do Will Eisner Comic Industry Award.

Frazetta morreu em 2010, mas seu legado permanece forte. Seu trabalho é celebrado por colecionadores, cineastas e artistas contemporâneos. O Frazetta Art Museum, na Pensilvânia, preserva parte de seu acervo e atrai visitantes do mundo todo. Frank Frazetta não apenas desenhou guerreiros e mundos fantásticos — ele os eternizou.

terça-feira, 22 de abril de 2025

Livros de Bolso de Western e Espionagem no Brasil

 

Os livros de bolso de western e espionagem marcaram época no Brasil, especialmente entre as décadas de 1950 e 1980, quando o formato se popularizou por sua acessibilidade e narrativas envolventes. Editoras como Monterrey, Ediouro e Tecnoprint lideraram o mercado, trazendo histórias de faroeste e intrigas internacionais que conquistaram leitores com tramas emocionantes e capas bem desenhadas, muitas vezes verdadeiras obras de arte.

No gênero western, a série El Coyote, do espanhol José Mallorquí, foi um marco. Publicada pela Monterrey a partir de 1956, a coleção trouxe as aventuras de um justiceiro mascarado no Velho Oeste, inspirado no Zorro. No Brasil, foram lançados cerca de 150 volumes até o início dos anos 1970, com capas vibrantes que retratavam duelos e cavalgadas, muitas ilustradas por artistas locais. Outra série notável da Monterrey foi Chumbo Quente, que se tornou um ícone dos anos 1970, com histórias de tiroteios e vinganças. As capas, frequentemente desenhadas pelo ilustrador brasileiro José Luiz Benício, destacavam pistoleiros em poses dramáticas, com traços estonteantes que atraíam leitores nas bancas.

No campo da espionagem, a Monterrey também brilhou com Brigitte Montfort, escrita pelo espanhol Antonio Vera Ramírez sob o pseudônimo Lou Carrigan. Publicada entre 1965 e 1992, a série apresentou a espiã mais famosa dos bolsilivros brasileiros, com mais de 500 volumes lançados no país. As capas, também ilustradas por Benício, eram um destaque à parte: mostravam Brigitte em poses sensuais e perigosas, com armas e cenários exóticos, capturando a essência da espionagem da Guerra Fria. Outra série de sucesso foi FBI (posteriormente renomeada FB7), com histórias policiais e de espionagem, cujas capas, redesenhadas por Benício na segunda edição, exibiam agentes em ação contra fundos escuros, criando um contraste marcante.

A série K.O. Durban, do brasileiro Hélio do Soveral, trouxe uma paródia de espiões como James Bond, com aventuras bem-humoradas que fizeram sucesso nos anos 1970. As capas, mais uma vez assinadas por Benício, apresentavam o agente em situações de ação, com traços que remetiam aos filmes de espionagem da época. Além disso, a Tecnoprint publicou a série alemã Perry Rhodan, que, embora mais focada em ficção científica, incluía elementos de espionagem intergaláctica. Lançada no Brasil nos anos 1970, tinha capas detalhadas com naves espaciais e agentes futuristas, no formato “superbolso” (12 x 21 cm).

O brasileiro Ryoki Inoue também se destacou, escrevendo 999 bolsilivros em seis anos, muitos de western e espionagem, sob diversos pseudônimos. Seus títulos, como Colts de McLee (faroeste), publicados pela Monterrey, tinham capas dinâmicas que refletiam a ação das histórias. As capas desses livros, com ilustrações realistas e coloridas, não só atraiam leitores, mas também se tornaram itens de colecionador, celebrando uma era de ouro da literatura popular brasileira que ainda é lembrada com carinho.

Shang-Chi: O Mestre do Kung Fu

Lançado em 1973, Shang-Chi: Mestre do Kung Fu é um dos quadrinhos mais marcantes da Marvel, criado pelo roteirista Doug Moench e pelo ilustrador Paul Gulacy. Publicado inicialmente em Special Marvel Edition #15, Shang-Chi ganhou sua própria revista, Master of Kung Fu, que teve 125 edições até 1983, além de várias minisséries. A série nasceu em meio à febre das artes marciais nos anos 1970, impulsionada por Bruce Lee, e trouxe o primeiro herói asiático da Marvel, um marco para a diversidade nos quadrinhos da época.

Shang-Chi, filho do vilão Fu Manchu – personagem licenciado dos livros de Sax Rohmer –, é criado para ser um assassino perfeito. Após descobrir as verdadeiras intenções malignas de seu pai, ele se rebela e inicia uma jornada de redenção, enfrentando Fu Manchu e sua organização criminosa ao lado de aliados como Sir Denis Nayland Smith e Black Jack Tarr. Moench, que escreveu a maior parte da série, trouxe roteiros complexos, misturando artes marciais, espionagem e dilemas morais, enquanto explorava temas como identidade e lealdade.

Paul Gulacy, que ilustrou a série a partir da edição #16, foi essencial para definir o visual de Shang-Chi. Inspirado por filmes de James Bond e artistas como Jim Steranko, Gulacy trouxe um estilo cinematográfico, com traços detalhados e sequências de ação dinâmicas que capturavam a essência do kung fu. Sua colaboração com Moench, especialmente entre as edições #20 e #50, é considerada o auge da revista, com histórias como "The Crystal Connection" e "The Murder Agency" aclamadas por fãs e críticos.

A série enfrentou desafios, como a perda dos direitos de Fu Manchu nos anos 1980, o que levou a Marvel a reformular a origem de Shang-Chi em arcos posteriores. No Brasil, o quadrinho foi publicado pela Bloch Editores na revista Mestre do Kung Fu, com 31 edições entre 1975 e 1978. Posteriormente, as aventuras de Shang-Chi foram publicadas pela Editora Abril na revista Heróis da TV. Mesmo com o passar das décadas, Shang-Chi se consolidou como ícone, ganhando nova relevância com o filme Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (2021), estrelado por Simu Liu.

Cobra: A Ópera Espacial de Buichi Terasawa

 

Criada e ilustrada pelo renomado mangaká Buichi Terasawa, a série Cobra (ou Space Adventure Cobra) é uma das obras mais icônicas do gênero space opera. Publicada entre 1978 e 1984 na revista Weekly Shōnen Jump, da editora Shueisha, a série foi compilada em 18 volumes tankōbon, vendendo mais de 50 milhões de cópias mundialmente, segundo o site especializado Mangazenkan. Ambientada em um futuro distante, a história segue Cobra, um carismático pirata espacial que, armado com sua Psycho-Gun – um laser acoplado ao braço esquerdo –, enfrenta o temido Sindicato dos Piratas enquanto foge da Patrulha da Via Láctea.

Terasawa, discípulo do lendário Osamu Tezuka, estreou sua carreira com um one-shot de Cobra em 1977, antes de serializá-lo no ano seguinte. Inspirado pelo ator francês Jean-Paul Belmondo, o protagonista exibe um charme mulherengo e uma atitude destemida, misturando elementos de faroeste italiano, histórias de samurais e influências de filmes como os de James Bond e Disney. Cobra, que inicialmente apaga suas memórias e altera o rosto para escapar de inimigos, logo as recupera e se junta à sua parceira Lady Armaroid e à nave Tortuga, vivendo aventuras intergalácticas repletas de ação e humor.

A série se destacou não apenas pela narrativa, mas também pela inovação de Terasawa. Pioneiro na arte digital, ele lançou Black Knight Bat (1985), com colorização digital, e Takeru (1992), o primeiro mangá totalmente criado em CG. Em 2019, Terasawa publicou a continuação Cobra: Over the Rainbow, mesmo enfrentando sérias complicações de saúde após ser diagnosticado com um tumor cerebral em 1998, que o deixou parcialmente paralisado.

Cobra ganhou adaptações em anime, como a série de 1982 com 31 episódios e o filme animado de mesmo ano, além de OVAs como The Psychogun (2008). No Brasil, o mangá teve um volume publicado pela editora Dealer em 1991, e o anime chegou em 1985 pela Canal+, sendo exibido depois na TV aberta. Apesar do falecimento de Terasawa em 8 de setembro de 2023, vítima de um infarto aos 68 anos, seu legado vive. Um novo jogo, Space Adventure Cobra: The Awakening, será lançado em 26 de agosto de 2025 para múltiplas plataformas, com legendas em português, prometendo reacender a paixão dos fãs por esse clássico atemporal.

Teatro dos Contos de Fadas de Shelley Duvall

Entre 1982 e 1987, a atriz e produtora Shelley Duvall trouxe à vida uma das séries mais encantadoras da televisão: Teatro dos Contos de Fadas (no original, Faerie Tale Theatre). Exibida originalmente pelo canal Showtime, nos Estados Unidos, a produção chegou ao Brasil nos anos 1990 pela TV Cultura, conquistando uma legião de fãs que até hoje guardam memórias nostálgicas de suas tardes de quarta-feira. Com 27 episódios, a série antológica recontou clássicos como Cinderela, Branca de Neve e A Pequena Sereia, sob a visão criativa de Duvall, que também apresentava e atuava em alguns capítulos.

A proposta de Duvall era ambiciosa: adaptar contos de fadas tradicionais de autores como os Irmãos Grimm e Hans Christian Andersen, mantendo a essência das histórias originais, que nem sempre tinham finais felizes. Diferente das versões edulcoradas da Disney, a série trazia um tom mais fiel, com cenários teatrais e uma estética que mesclava simplicidade e sofisticação. Cada episódio, com cerca de 50 minutos, era uma pequena obra cinematográfica, gravada entre 1982 e 1985 nos estúdios da ABC, em Burbank, Califórnia.

Um dos grandes diferenciais da série era seu elenco estelar. Nomes como Robin Williams (O Príncipe Sapo), Susan Sarandon (A Bela e a Fera), Mick Jagger (O Rouxinol) e Christopher Reeve (A Bela Adormecida) deram vida aos personagens. Diretores renomados também participaram: Tim Burton comandou Aladim e a Lâmpada Maravilhosa, enquanto Francis Ford Coppola dirigiu Rip Van Winkle. A própria Duvall, além de produtora executiva, aparecia no início de cada episódio com a icônica frase: “Olá, eu sou Shelley Duvall. Bem-vindos ao Teatro dos Contos de Fadas”.

A série não apenas encantava crianças, mas também adultos, com roteiros inteligentes que incluíam humor e reflexões sociais sutis. Episódios como A Pequena Sereia destacavam finais mais melancólicos, enquanto outros, como O Flautista de Hamelin, traziam uma atmosfera sombria e poética. No Brasil, 26 episódios foram exibidos, com o especial Grimm Party – uma reunião do elenco em uma festa à fantasia – nunca tendo sido transmitido.

Teatro dos Contos de Fadas ganhou 12 prêmios e 28 indicações, sendo um marco na TV infantil. Apesar de não estar em plataformas de streaming, episódios dublados podem ser encontrados no YouTube, e DVDs foram lançados no Brasil nos anos 2000. Shelley Duvall, que faleceu em julho de 2024, deixou um legado que continua a inspirar quem cresceu sonhando com seus contos mágicos.

quarta-feira, 16 de abril de 2025

Death Race 2000

Death Race 2000, lançado em 1975 e estrelado por David Carradine, é um clássico cult de ficção científica e ação, dirigido por Paul Bartel. Produzido pela New World Pictures de Roger Corman, o filme combina violência exagerada, sátira social e humor negro, tornando-se um marco do cinema exploitation dos anos 70.

Ambientado em um futuro distópico, o enredo acompanha a brutal Corrida Transcontinental, um evento televisivo em que pilotos ganham pontos ao atropelar pedestres. David Carradine interpreta Frankenstein, o lendário corredor mascarado e favorito do público, que enfrenta rivais como Machine Gun Joe (Sylvester Stallone) enquanto lida com sabotagens e uma resistência clandestina que busca acabar com a corrida. A narrativa critica o sensacionalismo midiático, o autoritarismo e a desumanização em uma sociedade obcecada por entretenimento.

Com um orçamento modesto, o filme se destaca pelo estilo visual cru, sequências de ação caóticas e atuações carismáticas, especialmente de Carradine e Stallone. Apesar de polêmico por sua violência gráfica, Death Race 2000 foi elogiado por sua sátira afiada e ganhou status de culto, influenciando obras como o remake de 2008 e jogos como Carmageddon. É uma cápsula do tempo que reflete os excessos e as ansiedades dos anos 70.

Alcatraz - Fuga Impossível

Lançado em 1979 e dirigido por Don Siegel, Alcatraz: Fuga Impossível (Escape from Alcatraz )traz Clint Eastwood no papel de Frank Morris, um prisioneiro astuto com um histórico de fugas. Baseado em fatos reais, o filme retrata a única tentativa bem-sucedida de escapar da infame prisão de Alcatraz, situada na baía de São Francisco. Morris, transferido para a ilha em 1960, planeja meticulosamente sua fuga ao lado dos irmãos John e Clarence Anglin (Fred Ward e Jack Thibeau) e Charley Butts (Larry Hankin), explorando vulnerabilidades como a deterioração do concreto das celas.

A trama destaca a rigidez de Alcatraz, com normas severas e vigilância intensa, sob o comando de um diretor implacável, interpretado por Patrick McGoohan. Os detentos usam ferramentas improvisadas, como cabeças falsas de papel machê e um bote feito de capas de chuva, para enganar os guardas. A tensão cresce com o avanço do plano, culminando na noite de junho de 1962, quando os três principais fugitivos desaparecem após escaparem por um duto de ventilação.

O filme deixa em aberto o destino dos fugitivos, já que seus corpos nunca foram encontrados, alimentando especulações sobre sua sobrevivência. A produção, que marcou a última colaboração entre Siegel e Eastwood, mistura suspense e drama, capturando a atmosfera opressiva da prisão. Críticos elogiaram a narrativa tensa e a atuação contida de Eastwood, consolidando o longa como um clássico do gênero.

Nostalgia em Ação: G.I. Joe

A Image Comics presta homenagem à era clássica de G.I. Joe com A Real American Hero Spirit #1, com roteiro e arte do talentoso Leonardo Romero (conhecido por seu trabalho em Birds of Prey), e cores vibrantes de Matheus Lopes

Esta edição única, notavelmente apresentando uma história sem diálogos em homenagem à icônica edição Silent Interlude da série original, acompanha a dupla Spirit e Freedom em uma investigação de misteriosos desaparecimentos, revelando um experimento grotesco da Cobra. A visão criativa de Romero e as cores de Lopes buscam capturar a essência da ação e do suspense que consagraram a franquia.

Spawn no Velho Oeste Sobrenatural

A Image Comics continua a explorar as sombrias lendas do universo Spawn com o lançamento de Deadly Tales Of The Gunslinger Spawn #5. Sob o roteiro do renomado Jimmy Palmiotti e a arte visceral de Chad Hardin, esta edição mergulha em mais contos brutais ambientados no Velho Oeste, com o justiceiro espectral Gunslinger Spawn enfrentando novos horrores e ameaças.

 A narrativa de Palmiotti, combinada com a arte expressiva de Hardin, promete expandir a mitologia do personagem e entregar aos fãs mais do terror e da ação característica desta série antológica. Nesta edição específica, o Gunslinger é feito prisioneiro e forçado a lutar por sua sobrevivência contra um sádico mestre de um circo bizarro e seus Quatro Cavaleiros.

Confronto Titânico à Vista: Godzilla vs. Hulk

A Marvel Comics orquestra um encontro de proporções épicas em Godzilla vs. Hulk #1, com o roteiro do aclamado Gerry Duggan e a arte visceral de Giuseppe Camuncoli

A edição inaugural mergulha no confronto inevitável entre o Rei dos Monstros e o Golias Esmeralda, desencadeado pela tentativa dos Thunderbolts de neutralizar uma ameaça. A narrativa de Duggan, combinada com a arte dinâmica de Camuncoli, promete um espetáculo de destruição e poder, explorando a fúria e a força bruta desses dois ícones da cultura pop.
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